Carretera Austral!
A Carretera ou Ruta 7 é uma famosa estrada localizada no sul do Chile. Começa em Puerto Montt e vai até a Villa O’Higgins, percorrendo 1240 km entre um ponto ao outro.


Nós fizemos uns ajustes no roteiro para otimizar o tempo que tínhamos (14 dias) e ver o que há de mais bonito na parte central da Patagônia (afinal era a região que ainda não tínhamos explorado) outro ajuste que fizemos foi o de passar por Chile Chico e assim ter a oportunidade de cruzar o Lago General Carrera de balsa e depois passar pela estrada que costeia o lago e que é uma das mais bonitas do Chile. Aí na volta fomos pela Carretera. Mais para o fim do post coloco todo nosso roteiro e distâncias.

A Carretera além de ser famosa pelas paisagens proporcionadas pelos Andes Patagônicos, lagos esmeraldas e rios turbulentos, é a principal via terrestre da Região de Aisén e da Província de Palena na Região de Los Lagos. E é por aqui que a Frida desembarca e começa a mostrar tudinho que você precisa saber para fazer a Carretera Austral. Serão vários posts, mas esse aqui é especificamente para falar do roteiro e dicas gerais da Carretera.
Esta viagem te proporciona emoções na estrada, cada curva é um suspiro; ver montanhas cheias de neve e podendo até andar sobre uma geleira; trilhas que sobem montanhas ou que contornam lagos esmeraldas e até mesmo as que atravessam rios; descansar em um spa de águas termais vulcânicas nas margens do Pacífico e nadar com golfinhos e focas. Estou muito ansiosa para te contar tudinho, não perca nenhum post.

ALUGUEL DE CARRO: PRECISA SER UM 4X4?
A resposta é: ABSOLUTAMENTE NÃO; é totalmente possível fazer a Carretera com um carro que não seja 4X4! Nós alugamos um Onix e não tivemos nenhum problema. Mesmo as estradas de saibro (que eles chamam de rípio) são melhores que muitas rodovias de asfalto no Brasil. A parte da estrada que mais temíamos era a que vai até Caleta Tortel, mas foi muito tranquila, tanto que até demos caronas para duas mochileiras (algo comum na região).
Se você já pesquisou (e se assustou ) com os preços de aluguel para fazer a Carretera Austral, aqui vai uma dica preciosa : A Salfa Rent tem unidades em vários pontos da Patagônia Chilena, possibilitando que você pegue o carro em um ponto e entregue em outro. Além disso, é disparada a que tem o melhor custo, testei e aprovei!
Caminhonetes custam em torno 400 reais e carros pequenos como o nosso que foi um ônix active (mais altinho) custa em torno de 180 reais a diária.
Tivemos uma boa experiência com este carro (que era zero km); claro que para você ter essa mesma sorte é um pouco além do que eu possa prever, mas o que posso dizer é que os carros sempre estão em boa condição. Fizemos um contrato no dia em que pegamos o carro e deixamos um valor que foi passado no cartão de crédito como forma de caução (um pouco além do que iríamos pagar em diárias) e depois no dia em que entregamos o carro o valor correto é que foi debitado. Tudo bem tranquilo.
Segue abaixo os contatos da Salfa Rent:
reservas@salfa.cl
CONDIÇÕES DA ESTRADA:

Como disse acima, não há nada tenebroso na Carretera, aliás é um dos roteiros preferidos dos motoqueiros de viagens longas, então se passa moto, passa qualquer carro. Acontece que como a Carretera atravessa montanhas, rios e tem complicadas caracteríscas geográficas, então ela está em constante manutenção e há trechos onde ainda não é asfaltada.
Onde há asfalto (ou cimento), pode-se ¨tocar ficha¨ rsrs, opa não é bem assim né? Não vimos controladores de velocidade, mas acontece que há muitas curvas fechadas e é bom se orientar pela velocidade sugerida nas placas. Gostei disto no Chile, colocam nas placas: velocidade sugerida, parece algo tão de primeiro mundo.
Onde a estrada é de rípio (saibro), é bom que você tenha cuidado redobrado e fique ligado nas placas que indicam as séries de curvas (e são muuuuitas). Há pontos em que elas são super fechadas e uma em cima da outra (as mais perigosas na minha opinião são as que ficam nas imediações do Parque Nacional Queulat). Fiquei imaginando passar ali com neve na pista, acho totalmente inviável.
O pior trecho de estrada de rípio (saibro) onde havia uma série de buracos e ondulações foi o de Puerto Tranquilo (à 20 km antes da Villa Cerro Castillo). No entanto, estão em obras em grande parte do trecho (40km) e possivelmente em 2020 essa via já esteja toda pavimentada.
Outra dica também é checar o site do governo onde publicam os trechos em obras e os que ainda estão sem pavimentação. Segue o link abaixo:
Em toda extensão de nosso trajeto não encontramos pedágios nem controladores de velocidade.
COMBUSTÍVEL
Essa era um medo meu, achava que iria ficar no relento sem gasolina por conta das distâncias, mas isso não chegou nem perto de acontecer. Ganhamos na locadora um mapa onde havia informações de todas as cidades e se há postos de gasolina nestas. Mas é bem tranquilo, não chegamos nem a andar com menos de meio tanque.

A gasolina custa por volta de 6,00 reais o litro e colocávamos sempre a do tipo 93 (esse número é referente a octanagem) que é a mais barata.
IMPOSTO QUE ESTRANGEIRO NÃO PAGA.
O I.V.A é o imposto Chileno que não é devido por estrangeiros, mas poucos sabem e os chilenos queridinhos não vão te pedir se quer pagar ou não, então exija sempre nos hotéis esse desconto (em torno de 19%). No primeiro hotel não pedimos e obviamente eles também não falaram nada. Depois que descobrimos, passamos a pedir o desconto em todos os hotéis e todos concordaram. Não tem nenhuma burocracia, eles simplesmente descontam o valor do total a pagar.
INTERNET
Para fazer a Carretera é bom baixar um mapa offline para usar na estrada pois geralmente não há sinal de celular. Baixamos no google mesmo, mas mesmo assim indico investir em um chip local para usar a internet na estrada quando disponível.
Comprei um chip da Entel ( a empresa de melhor sinal na região). Custou 4 mil pesos chilenos e veio com 150 megas de internet, o que foi suficiente para abrir os mapas, já que estávamos de férias e não precisávamos muito mais do que isto.
O CLIMA NA CARRETERA:
A Patagônia no verão os locais costumam dizer que você encontra as quatro estações em um dia só! Em um momento está frio, daí abre o sol e fica “quente”, depois chove, venta… é uma loucura.
Agora sobre vento: essa região da carretera não achei tão ventosa (salvo os picos nos cerros que subimos), digo isso porque Coyhaique não senti vento nenhum (a cidade fica num vale protegida pelas montanhas) e nas demais cidades também não achei nada demais. Tive essa percepção porque já fui à El Chaltén, a cidade do vento, onde ventava a uma velocidade de 70km/h na cidade, e no Fitz Roy que acho que nunca nem conseguiram medir a velocidade rsrsrs.

A nossa experiência do dia 19 de dezembro até 2 de janeiro, foi tranquila, nada de frio exorbitante, algo na média de 15 graus durante o dia e uns 5 de noite. Em 2018 peguei um frio muito forte em Puerto Varas e em 2015 uma gripe me deixou de cama em Ushuaia, mas desta vez foram só dois de coriza (porque não me agasalhei o suficiente no primeiro dia)
A temperatura variava bastante, quando chovia e ventava chegava perto dos 5 graus e no último dia pegamos uma onda de calor e fez 25 graus.
Bom, então as roupas (esporte) que indico são:
camisetas de manga curta
segundas peles térmicas
flece (uma blusa de lãzinha)
casaco corta vento e impermeável
casaco mais grossinho, mas leve
meia calça (calça térmica)
calças confortáveis
meias longas
tênis de trekking (impermeável)
acessórios: boné, manta, luvas, polainas (aquelas que você prende no tênis são ótimas para os trekking) e toca…
e adivinha: capa de chuva!
ROTEIRO DA FRIDA:
Bom, há quem tenha tempo e disposição de fazer a Carretera saindo de casa com o carro, sem passagem de avião e tudo mais, mas a Frida só tinha duas semaninhas de férias e precisava otimizar o máximo para abrilhantar os olhos. Então, voamos até Santiago e de Santiago à Balmaceda (aeroporto 56km de Coyhaique, 1h10 de viagem).
Aqui vai uma dica de translado de Balmaceda até Coyhaique: O transfer oferecido no aeroporto custa 5 mil pesos, mas há um transporte público de ônibus que você paga 2.500 pesos e vai até a praça e você pode fazer o mesmo para voltar ao aeroporto, pegando o mesmo na praça.
Segue contato do transfer que oferecem dentro do aeroporto:
+56 99312 3939
E-mail: tranytur@gmail.com
Do transporte público não tenho horários pois estes mudam com frequência. Também não tenho contato deles pois precisa-se comprar o bilhete na hora, o local de venda é na rua lateral a praça e chama-se Buses Suray.
Abaixo relato dia a dia do nosso roteiro:
* Dia 1 COYHAIQUE
Fizemos compras no Unimarc, um grande supermercado que fica na rua Arturo Prat, umas 4 quadras da praça do centro. Foi uma ideia muito boa já carregarmos com nós alimentos para preparar jantas, lanches e cafés (alguns hotéis não tinham café), pois as outras cidades eram pequenas e não ofereciam muitas opções e até por questão de economia.
* Dia 2 COYHAYQUE – PUERTO IBAÑEZ
Iniciamos nosso segundo dia no Chile pegando o carro na Salfa e nos colocando na Carretera Austral, fizemos uma parada na Reserva Nacional Cerro Castillo que fica à apenas 1 hora de Coyhaique,
Ao todo são 115,4 km de trajeto até Puerto Ibanez, leva-se em média 1h e 50 minutos, neste trajeto em que a Carretera Austral (ruta 7) é toda pavimentada.
Coordenadas para se chegar na entrada da reserva: (-46.104256, -72.045977)

Depois do primeiro trekking da trip seguimos novamente em direção à Puerto Ibañez onde pernoitamos.
* Dia 3 PUERTO IBAÑES – CHILE CHICO
Neste dia tivemos um dos pontos altos da viagem: tomamos uma balsa e atravessamos o Lago General Carrera. Foram 2 horas de navegação até chegarmos a encantadora Chile Chico.
A balsa custa 19.750,00 pesos para o carro e mais 2.300 pesos por passageiro.
Compramos as passagens no escritório em Puerto Ibañez no dia anterior, mas o horário (11hrs) que queríamos já estava lotado. Aí compramos para o final do dia (19h) e aceitamos a sugestão da atendente de tentar um lugar na lista de espera das 11 horas. Felizmente tivemos sorte e embarcamos conforme nossos planos iniciais as 11 horas.
Obs: pedem para chegar 1h antes da partida no porto.
Segue abaixo site para você checar os horários das travessias e para compra de passagem com antecedência, o que indico pois como aconteceu pra mim, o horário que queria já estava lotado.
http://www.barcazas.cl/barcazas/web/lago-general-carrera/#itinerarios
* Dia 4 CHILE CHICO
Neste dia fomos até a Reserva Nacional do Lago Jeinimeni que fica a 55 km da cidade, mas sobre os passeios terei um post especial, mas vou colocando umas fotinhos para que tenham uma ideia do que se é a Patagônia Central.

* Dia 5 CHILE CHICO – COCHRANE
Neste dia tivemos mais um ponto alto da viagem, quando o trajeto era a atração, a estrada mais bonita de toda a viagem, trata-se da RUTA 265 que não é a Carretera Austral mas pela beleza dela é obrigatório cruzar por ela.

São 180 km de estrada de rípio (saibro); no geral a estrada é boa e cheia de mirantes, você vai querer parar a cada pouco. Para se ter uma ideia, levamos 8 horas para fazer esse trajeto.
Dentre as mil paradas, não deixe de fazer as seguintes:
Puerto Guadal;
Puerto Bertrand: nesse lugar a tentação vai ser fazer um rafting que é oferecido na beira do Lago Bertrand, penso que ele faça ligação com o Rio Baker e o rafting aconteça no rio, porque o lago é um espelho de calmo.

Confluência do Rio Baker com o Rio Neff: a entrada da propriedade que é privada mas não cobra nada para que os visitantes possam apreciar dois rios de cores diferentes se tornando um só. As coordenadas para se chegar lá: -47.115028,-72.773450.
Dia 6: COCHRANE
Neste dia fizemos o Parque Nacional Patagônia, onde você anda por horas e horas de carro dentro do parque que faz parte do Vale Chacabuco, vendo animais silvestres e para completar a experiência fizemos trilhas.
DIA 7: COCHRANE bate volta a CALETA TORTEL

São 126 km seguindo a Carretera Austral no sentido sul, estrada de rípio (saibro) com muitas curvas, em um dia de chuva, mas foi tudo bem tranquilo, ao contrário do que tinha ouvido falar e não há necessidade de o carro ser 4×4 para esse trecho.
DIA 8: COCHRANE – PUERTO TRANQUILO
São 114 km e leva em média 2h e 30 minutos, por conta da estrada ser de rípio.
Antes de chegar na cidade de Puerto Tranquilo, paramos na Bahia Mansa onde fizemos o passeio até a Capillas de Mármol, um dos ponto mais altos da viagem.

Dia 9: PUERTO RIO TRANQUILO – COYHAIQUE
Neste dia ainda pela manhã fizemos o parque Glariar Exploradores, trilhas e mais trilhas. Na parte da tarde que vai até por volta das 9 horas, sim eu considero tarde até que o sol não se põe, tomamos novamente a Carretera e seguimos para Coyhaique, numa distância de 217 km com parte da estrada de rípio e parte pavimentada.


Já na estrada a Coyhaique, pegamos o pior trecho de estrada de rípio. São 20 km entre Puerto Tranquilo e Villa Cerro Castillo onde há muitos burracos. No entanto mais à frente estavam em obras, imagino que tão logo pavimentem esse trecho.
Dia 10: COYHAIQUE – PUERTO CISNES
São 270 km onde aproveitamos e passamos pelas cidades de Puerto Aísen, Puerto Chacabuco e Reserva Nacional Rio Simpson.

Dia 11: PUERTO CISNES – PUYUHUAPI
São apenas 87km de estrada e grande parte dela faz parte do Parque Nacional de Queulat. Essa estrada aqui é onde as curvas mais fechadas estão, há um ponto que ficamos 7 km em meio as curvas, detalhe estrada de chão e com vistas para geleiras, cuide para não se distrair. E como estávamos no parque, entramos na portaria e fizemos algumas trilhas.

Dia 12: PUYUHUAPI – COYHAIQUE
Neste dia nos recuperamos de todas as trilhas, descansamos em um spa termal na beira do Pacífico e que também fica nas margens da Carretera Austral, bem na saída de Puyuhuapi. Depois de renovados pelas águas termais pegamos a estrada que não era pouca, 300 km até Coyhaique.

Dia 13: COYHAIQUE
Devolvemos o carro e aproveitamos o dia para conhecer um pouco a cidade pois o outro dia seria de maratona para voltar para casa.
Por fim foram 2.200km rodados e a experiência de locar um carro e fazer o que se programa, na hora que se programa, de não precisar ficar carregando mala entre trens e ônibus a cada dois dias, foi ótima. Definitivamente essa não é uma viagem que se possa fazer sem locar um carro, a menos que tu seja mochileiro raiz e pegue carona, pois há muitos lugares que não há nem rodoviária e ainda mais que a graça dessa viagem é o trajeto.
Nos veremos nos próximos posts.
Até lá, beijos!