Depois de desembarcar da balsa vindos de Puerto Ibañez pelo Lago General Carrera, estávamos prontos a desbravar Chile Chico!
Chile Chico é uma pequena e simpática cidade chilena, banhada pelo grande Lago General Carrera. Tem um pouquinho mais de 3000 habitantes, mega ajeitadinha, com praça, ruas com flores (em geral rosas, que são mais resistentes ao clima patagônico). A cidade, que faz fronteira com Los Antiguos na Argentina tem como atração principal a Reserva Nacional Jeinimeni.
A Reserva Nacional do Lago Jeinimeni faz parte dos 25.000 km² do Parque Nacional Patagônia, assim como a Reserversa Nacional do Lago Cochrane, ambos de propriedade privada de Douglas Tompkins o fundador da North Face o qual mencionei no post anterior.
Abaixo um mapa para te ajudar na exploração da reserva.
A reserva é incrível, foi o segundo trekking da trip e o primeiro parque que ingressamos de carro, andamos por 55 km por estrada de chão e sem encontrar humanos até chegarmos a entrada do parque, mas em compensação a bicharada estava a solta e era isso que eu quero contar: o melhor destes parques enormes são as oportunidades de ver animais selvagens que nem nos notam e por isso agem naturalmente.
A estrada até o posto de entrada das trilhas é de terra, mas tranquila. Passamos por dois riachos com o carro e depois na volta temíamos um pouco que por conta da chuva poderiam ficar intransponíveis, mas acabou que não mudou nada, molhamos só as beiradinhas dos pneus.
Depois de andarmos muito chegamos na entrada do parque onde vimos o primeiro humano o qual nos cobrou 8000 pesos para entrar no parque.
O parque conta com uma boa estrutura para acampamento, o qual é muito usado pelos milhares de viajantes que fazem a Carretera Austral de bicicleta. Seria até estranho se locassem um carro para ir ao parque, rsrs.
Neste parque havia cartazes nos banheiro avisando sobre o roedor que espalha doenças nessa região, avisos de higiene e principalmente para não acampar fora das casas que abrigam as barracas (assim como abaixo).
Tivemos a brilhante ideia de começar o passeio pelo mirador Sendero Escorial del Silencio, o qual se tem uma bela vista do lago e grande parte do parque. Caso tivéssemos feito a trilha do Lago Verde primeiro, não teríamos vista alguma, pois foi chegar no topo do sendero e logo começou a nublar e chover.
O Sendero possui três miradores e para chegar até o final subimos por 1,2 km; a trilha é de dificuldade média, mas é bem íngreme e por isso levamos duas horas entre subir e descer.
Este ano e a partir dessa viagem vou ter uma novidade: um canal no youtube! acredito que será proveitoso para quem não curte ler e sim ver e ouvir as dicas em vídeos curtos…

A vista do alto do parque foi como um gás para encarar a trilha que viria depois.
Queríamos por os pés no que estávamos vendo de cima.
Depois de descer quase que rolando, hehe, nessas trilhas morro abaixo um resvalo ou outro é quase que inevitável, ainda mais com o solo molhado.
Já no nível do lago, seguimos desta vez de capas de chuva pela trilha mais famosa do parque, a que leva até o Lago Verde.
Neste ponto o Lago vira um rio cristalino mas não convidativo por conta do frio e pedras ao fundo, hehe. Já estávamos imaginando como que faríamos para atravessar ele em um ponto que não haveria a ponte. Sim, há um ponto onde precisaríamos atravessar o rio de 1 metro de profundidade para completar a trilha. Algo que descobrimos somente pelo guarda do parque quando nos entregou o mapinha.
São 20 km de trilha, ida e volta, de dificuldade fácil a moderado, na grande maioria caminha-se perto do Lago Jeinimeni, sendo assim grande parte plana, horas pela estradinha, horas pela praia do lago em meio as pedrinhas de granito e basalto que dão um colorido especial a paisagem (como se precisasse, a cor do lago já é divina).



O parque é lindo, mas não contávamos com a chuva e a neblina; Além disso ainda teríamos que atravessar o rio com 1 metro de profundidade… Pra completar eu ainda estava gripada… enfim, caminhamos uns 12 km e desistimos de completar a trilha.
Fiquei mega triste em abandonar a missão, mas às vezes é preciso compreender que a graça de que viajar não é cumprir metas e sim curtir ao máximo com segurança e prazer. Também algo que me fez tomar essa decisão foi lembrar que estávamos somente na segunda trilha da trip e que precisávamos guardar energias para as próximos e não perder nenhum dia por estar de cama.

Minha dica para esse trekking é levar uma roupa e calçado (como tem pedrinhas não há como fazer isso descalço) extras para a travessia do rio, pois é loucura percorrer os mais de 10 km da volta encharcado e numa temperatura e vento patagônico.
E além da Reserva, o que se faz em Chile Chico?
O “Pequeno Chile” também é digno de um city tour além da reserva, o qual pode-se iniciar pela orla do lago General Carrera. Se tiveres sorte será a época de pêssegos e você pode degusta-los diretamente das árvores que ficam nas redondezas do lago.

Seguindo pela orla ou pela avenida em sentido a Rota 265 fica a Praça do Vento, por lá chamada de Parque Paseo del Viento, é uma praça que fica no topo de uma colina e você chega lá depois de subir alguns (muitos) degraus.
A medida que vai se subindo a escadaria a vista vai melhorando, e o que mais fascina com certeza é o azul do Lago General Carrera.
Pode-se observar a residência de todos os 3000 e poucos moradores e “Chilochequinhos”
Depois de subir nas alturas pegamos nosso carrinho e fomos conhecer a praia dos Chilechiquinhos; fica nas imediações da Ruta 265 a 17 km da cidade: a Bahia Jara é praia de água doce obra do Lago General Carrera onde os chilenos nadam, praticam esportes e enfim se divertem nas águas não tão quentinhas, alias em pleno verão estavam geladas e nada convidativas, mas para quem passa por um inverno esquinado e empurrando neve para abrir a porta de casa, deve ser até agradável.
A Bahia Jara oferece uma bela área de camping e churrasqueiras que por lá chamam de quinchos, mesas de piquenique, banheiros e chuveiros. Para usar de tudo isso é necessário pagar uma taxa, mas no dia em que fomos não estavam cobrando entrada, sorte a nossa, hehe.

Em Chile Chico ficamos muito bem hospedados no Hotel Austral.
Muito bem localizado, bom nessa micro cidade não há como se ficar longe do centro, mas o que quero ressaltar é que estávamos bem assegurados, uma vez que ficamos bem em frente aos Carabineros (polícia do Chile). Apesar de que na cidade, a noite, fecham a delegacia e esperam em casa por alguma ocorrência, hehe. O verdadeiro motivo de termos escolhido e agora recomendar o hotel foi o conforto proporcionado. Ficamos em uma suíte e podíamos usar de uma sala com tv e até tomar um chazinho vendo o movimento através das imensas janelas de vidro da sala; aliás em uma das noites passou ali o desfile de Natal que passa por toda a região. A diária custou 45 USD, com café da manhã e sem o IVA que é o imposto que estrangeiro que não é obrigado pagar mas que se deve pedir para ser descontado. Contratamos o Hotel Austral pelo Booking e aproveito para comentar que abaixo do hotel funcionava um restaurante.
Próximo post será todinho sobre a Ruta 265 que merece um destaque especial, porque para nós e todos que passam por lá, é a Ruta mais bonita da Patagônia.
Até breve, kussie!
Deixe um comentário