Já faz um bom tempo que acompanhava por fotos e reportagens o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses; estava fascinada com as paisagens de dunas e lagoas infindáveis. Fiquei ainda mais fascinada vendo pessoalmente! sim, em fotos o lugar não consegue transmitir nem a metade do efeito das cores que tem ao vivo.
O Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses tem o perímetro de 270 km2, então é impossível conhecer todas as lagoas. Aliás, cada ano elas mudam de forma, tamanho e lugar por conta da ação dos ventos nas dunas e da quantidade de chuvas.
O lugar foi descoberto turísticamente em 2002, quando a Globo filmou nos lençois trechos da novela O Clone. Depois veio um filme e um episódio de Largados e Pelados da Discovery Channel. Hoje a cidade de Barreirinhas é tomada por pousadas e sua população na grande maioria vive em função do turismo.
Aliás, há gente de toda parte do Brasil que foi investir em Barreirinhas. Encontrei por lá uma conterrânea e conversando um pouco mais descobrimos que ela havia morado na mesma casa que morei quando criança. Quanta coincidência, fiquei meio sem acreditar no início mas confirmei e era mesmo. O mundo é muito pequeno, hehe.
A população de Barreirinhas e arredores antes de ter como fonte de renda o turismo, trabalhava principalmente com a extração de carnaúba. Na época se faziam até discos de vinil com a carnaúba, e hoje a revendem principalmente para a industria de cosméticos.
Sobre o clima, há uma época do ano em que grande parte das lagoas secam, só ficando água nas mais profundas. Quando fomos, em dezembro de 2018 não tínhamos grandes possibilidades de banhos e mergulhos porque é a época de seca. Porém, fomos mais que sortudos e aconteceu algo atípico neste ano, além de chover além do esperado na época das chuvas, novembro foi um mês chuvoso para eles. Ficamos felizes com este episódio atípico.
Então, quando ir? a melhor época é de junho a outubro, que é quando todas as lagoas estão cheias. De janeiro a abril é o menos recomendável, pois chove muito e o passeio acaba nem saindo as vezes.
Passeios:
A agência pela qual contratamos todos os passeios foi a que fica na pousada em que nos hospedamos, a Santos transportes e turismo. Tudo certinho, mas vou lhes dar a dica de uma segunda agência que tem os preços similares e os carros mais novinhos.
Ah, pegamos os passeios com a agência do hotel, porque nos foi oferecido um desconto de R$ 10,00 em cada passeio. Os preços que eu mencionar abaixo não contabilizam este desconto. Geralmente os valores são tabelados.
SANTOS TURISMO (98) 3349 0463 / (98)9944 3241
OASIS ADVENTURY (98) 98766-1593 oasis.lencoismaranhenses@gmail.com
Vamos aos passeios…
⁃ Passeio da Lagoa Bonita no Parque Nacional 🏞 dos lençóis Maranhenses.
Tem o custo de R$ 70,00, e se inícia às 14h, retornando a cidade após o pôr do sol.
O passeio tem como grande parte da atração o próprio caminho. E mesmo que tu não tenha idéia de subir e descer as dunas mais altas, é preciso estar em uma caminhonete 4×4 ou quadrículo bem potente, pois todas as ruas dos vilarejos são de areia.

Os passeios coletivos são feitos em jardineiras (caminhonetes com bancos na caçamba). Também há alugueis de quadricículos, mas estes não tem permição de subir ou descer as dunas mais altas.
O trajeto inicia com saída do seu hotel, anda-se um bom trecho de asfalto e se chega a uma balsa, onde é feito o acerto do valor para entrar no Parque, o qual a agência já inclui no valor do passeio e você só apresenta documentação junto de um voucher de entrada.
Depois de atravessar o Rio Preguiças na balsa, a jardineira pega o trajeto até as dunas, que dura 1:30hrs.
No passeio não se chega a entrar com a jardineira nas dunas do Parque. Se chega de jarnieira até o ponto mais próximo da Lagoa Bonita e se precisa um pouco de disposição para subir a duna de início do parque. Essa duna cada ano está mais alta e neste último ano foi preciso instalar uma corda para conseguir subir e chegar ao topo.
Chegando no topo desta duna se tem uma visão panorâmica dos lençois. São mais de 300 mil lagoas na extensão de 23km até chegar ao mar. As lagoas e dunas se modificam a cada ano.
Caminhamos por alguns minutos e chegamos até a Lago Bonita, que faz juz ao nome. Para nossa sorte, estava com bastante água, e o mais surpreendente é que as lagoas são de água doce, pois se formam com a água da chuva.
O banho ali é algo espetacular; melhor que isso só na Lagoa da Gaivota, um dos destinos do passeio de Atins.
Após estarmos batizados, caminhamos mais um tanto pelas dunas e fomos descobrindo mais algumas lagoas com volume bom de água. Cada uma tem coloração diferente, variam de verde a azul, lindas!
Fiquei um pouco decepcionada com as fotos, estava nublado e eu não manjo assim tão bem dos equipamentos. O que se vê com os olhos é muito mais lindo do que estas fotos.
Depois de algumas horas e já quase escurecendo pegamos novamente a jardineira em sentido a Barreirinhas. Aliás, este passeio só termina depois do pôr do sol, mas naquele dia o guia com sua experiência logo disse que não seria possível ver o espetáculo da bola de fogo baixando sobre as dunas em função das nuvens… paciência.

Neste dia, na ida ninguém queria ir dentro da cabine, mas na volta, com a chuva que caiu logo que anoiteceu era o lugar mais concorrido.
Para este passeio, que não chega a subir e descer as “big” dunas, não é tão chato ir dentro da cabine; agora, no passeio de Atins é inadmissível ir dentro.
⁃ Passeio a Atins no Parque dos Lençóis Maranhenses.
Este passeio custa R$ 120,00. Tem saída às 8:30 e retorna às 18h mas este não faz parada para ver o pôr do sol; é visto em movimento.
Ele se inicia pelo mesmo caminho do da Lagoa bonita (asfalto, balsa +1:30 de aventura no 4×4, porém a aventura se estende ao longo de subidas e descidas com muitos berros de emoção nas dunas; é incrível.
Durante o passeio fizemos uma primeira parada onde o rio encontra o mar. Essa praia é muito famosa e conhecida pelo povo que faz kitesurf, mas no dia em que fomos não havia um sequer, uma pena.
Depois fizemos a segunda parada, que foi no mar aberto, mas não muito convidativo.

Depois seguimos para o almoço. Paramos em um restaurante que fica relativamente perto da costa, mas não deixa de ter cara de lençóis. Comemos por lá o tradicional camarão na brasa que é uma maravilha, aprovado e recomendado. Custa R$ 90,00 e serve bem 2 pessoas. E como é tradição no Maranhão, a sobremesa é uma dormidinha na rede, uma delícia também.

Depois de descansar seguimos pelas dunas para o “best” do dia: o banho nas águas doces das lagoas.
Escolhemos a Lagoa da Gaivota pois é a que tem maior volume de água das proximidades de Atins. O povo se arriscou em rolar pelas dunas até cair na água.
Esse banho na água doce é revigorante.
Após muitas gratidões ao universo pela maravilha de lugar, subimos no 4×4 e retornamos a Barreirinhas. E na volta não foi diferente, foram muitos “Iupiiiii” quando o 4×4 descia as dunas mais altas.

Neste passeio o por do sol é visto da jardineira mesmo, pois o retorno a Barreirinhas é antes do que o passeio da Lagoa Bonita por exemplo.

⁃ Passeio de barco (voadeira) até Caburé.
Esse passeio tem um custo de R$ 70,00, inicia as 8:30 e retorna por volta das 15h.
Essa foi a atração/passeio que menos gostei, mas como tínhamos três dias em Barreirinhas e dois deles inteiros escolhemos este para fechar toda a agenda. Outra oportunidade que o passeio te proporciona é avistar os manguesais. O passeio tem saída na beira do Rio Preguiças no centro de Barreirinhas.

A primeira parada que fizemos foi para avistar um local onde fazem a extração da carnaúba. Foi nos explicado pelo piloto do barco como são os processos e os produtos que utilizamos no dia a dia que utilizam a carnaúba, um deles é o batom. A carnaúba era das únicas fontes de renda do povo da região, até vir a Globo e fazer a novela o Clone e tornar a cidade de Bairreirinhas turística e recebendo gente do mundo inteiro. Dúvido alguém por lá torcer o nariz e dizer que assistir novela é bobagem.

Depois seguimos pelo Preguiças e entramos em um canal que foi aberto manualmente pelos pescadores para cortar caminho e chegar mais rápido quando voltavam dos mangues com os carrangueijos. Pois este é um bichinho que precisa ser consumido em 24h depois de capturado.
Depois fizemos nossa primeira parada com descida do barco. Em Vassouras, onde há uma grande concentração de macaco prego.
E adivinha, tinha uma placa enorme e até mesmo o guia havia nos alertado que não deveríamos alimentar os bichinhos, mas o povo fez que nem ouviu e ofereceu até Ruffles à eles. O guia nos disse que essa ação sem noção gera um desiquilibrio enorme já que os macacos não saem mais a procura de comida na floresta e só ficam a espera dos turistas sem noção que os enchem de porcaria.

Depois subimos uma duna bem forte que ficava na margem do Rio e estávamos em uma parte do Parque dos Lençóis novamente. Neste lugar tinha lagoas boas de banho e de lá se podia obeservar os geradores de energia eólica, que dão um constraste em meio ao clima desértico. Aproveito para comentar que o Maranhão é um lugar perfeito para a geração de energia eólica, pois o mesmo vento que formou as dunas enormes do Parque dos Lençõis gera energia para o Maranhão e o Brasil.
Depois seguimos para uma ilha onde fica o farol da marinha. Neste farol é possível subir e ter uma vista panorâmica do lugar, porém no dia em que fomos estava fechado para manutenção. Uma pena, mas paciência pois tudo precisa um dia parar para se manter funcionando na maior parte do tempo.
A última parada foi na praia de Caburé, onde almoçamos. Tenho uma dica para o almoço, fuja de ensopados.
De barriguinha cheia, sim porque mesmo que não era bom tanto quanto todo o resto dos almoços que fizemos em Barreirinhas, comemos tudinho igual, desperdiçar nunca. Então veio a rede para tirar a preguiça, pois o rio faz juz ao nome e passa uma preguiça boa que talvez seja só tranquilidade a qual não estamos mais acostumados a sentir no dia-a-dia. Descansados, atravessamos a ilha do Rio para a praia do mar, travessia de alguns passos, e subimos numa torre para observar de cima o quão longe um do outro seriam, conclusão: tão logo o mar vai avançar e a água do rio ficará salobra nesta parte, o que não é bom.

Essa última parada é de 2horas e por isso tem a opção de um passeio de quadrículo que custa R$ 50,00 para 30 minutos, o que é muito barato. O passeio é livre e sem guia.
Depois voltamos voando a Barreirinhas. E digo voando porque se chamam de voadeiras estas embarcações, porque tem uma velocidade bem alta sobre as águas do rio. Mas tudo voou/correu bem e chegamos a salvo na orla do centrinho de Barreirinhas,
Outra dica para este passeio: há opção de barco privativo. A vantagem é se você estiver em um grupo de amigos, existem as lanchas 🛥 para 7 pessoas com o piloto 👨✈️ que custam de 400 a 500 reais.
E agora sobre as dicas práticas de Barreirinhas:
HOSPEDAGEM:
A cidade é pequena e muito simplesinha e se tu fores querer ficar no centrinho para poder sair à noite a pé recomendo o hotel 🏨 que ficamos. O hotel Rio Preguiças, é simples em todos os quesitos, mas muito tranquilo.
O valor da diária é R$ 140,00 e como sempre reservamos pelo Booking, pois aí ficamos mais tranquilos quanto a calotes e má instações.
Ficamos três dias e três noites na cidade, foi tempo perfeito para fazer o principal. Chegamos em Barreirinhas vindo de São Luiz, de onde sai ônibus todo dia para esse destino. Agora para sair de Barreinhas, fique ligado nos dias e horários de onibus, pois só tem ônibus saindo nas terças e quinta. A empresa que fez todo nossos translados foi a Rota Combo. Tenho um post separado com todas as dicas para fazer a Rota das Emoções, não deixe de ler.
RESTAURANTES
A cidade é pequeninha, mas há muita opção para comer. Na grande maioria os restaurantes e bares ficam na beira do Rio Preguiças (tem uns com música ao vivo, geralmente com forró bem animado).
Algumas dicas:
– Pizzaria Terassa, fica ao lado da Churrascaria do Gaúcho (que é bem grande e é no ínicio dos decks da orla).
Pizza por R$ 40,00 com 8 fatias, servindo bem 2 pessoas.

– Rock’n Beer, na beira do Rio Preguiças.
Tem petiscos, pizzas, mas a indicação é para os hambúrguers 🍔 que são deliciosos e baratos (média de R$ 18,00).
O lugar também oferece uma carta com várias boas cervejas artesanais (nos pescaram por ali).
E por último a Churrascaria do Gaúcho, que ao meio dia tem espeto corrido e a noite serve pratos quentes e petiscos. Geralmente há musica ao vivo.
Sem mais, agradeço aos dias de muitas emoções nessa parte da Rota das emoções, foi demais!
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