Seguindo o roteiro da Carretera Austral, saímos de Coyhaique em direção a Puerto Ibañez onde passaríamos aquela noite, mas antes tínhamos uma aventura a fazer, subir o Cerro Castillo.
O Castelo (Castillo em espanhol) de basalto, as geleiras e lagos embelezam a Reserva Nacional Cerro Castillo, tanto que essa é uma das atrações principais da Carretera e assim como em toda a Patagônia, viajantes atravessam oceanos para estar diante destas obras da natureza.

A Villa Cerro Castillo fica a 64 km de Coyhaique e para chegar no posto de entrada da Reserva utilize as coordenadas – 46.111497, -72.157060
A primeira parte do trekking é feita em uma propriedade particular e se você for apenas andar nessa primeira parte que inclui uma trilha para a cachoeira, você precisa pagar 5 mil pesos. Agora, se você for fazer a trilha que vai até a Laguna Cerro Castillo você tem de pagar 18.000 pesos.
Falando em valores, existe por lá o aluguel de “pau” de trekking, muito útil para esse tipo de subida, custa 5 mil pesos o par.
Para ir até a cachoeira a trilha é curta, mas até a laguna leva 7 horas de trekking, nível intermediário a difícil por conta das subidas; aliás, até o final da trilha você sobe cerca de 1000 metros de altitude.
Para entrar na reserva e realizar a subida até a laguna, o horário máximo é as 12:00, e o horário para estar de volta é 18h. Então o correto é chegar até às 11h para dar tempo. Nem pense em burlar os horários pois no meio do caminho fica um guarda acampado e se você estiver “atrasado” ele manda descer, isso por que a partir de um horário os ventos na região intensificam e fica muito perigoso.
O parque está sempre aberto? Não, se estiver muito vento e chuva, a reserva fica de portões “cerrados” e os guias/guardas não deixam subir por medida de segurança. É ruim ser barrado, mas achei bem necessário uma vez que já passamos errado quando fizemos o Fitz Roy sem vigilância e nenhuma informação, chegamos no topo e ventava tanto que fomos arrastados pelo vento. Avaliando por este ponto o turismo de aventura no Chile é mais organizado.
Nossa experiência: na primeira vez em que tentamos, não sabíamos do horário limite e chegamos 12:30 na trilha e então subimos grande parte dela, mas em um determinado ponto fomos barrados e aconselhados a iniciar a descida por conta do horário.
Até naquele ponto, passamos por alguns miradores do cerro e fizemos a trilha até a cachoeira.





No segundo dia em que tentamos, nos avisaram que havia previsão de neblina completa e então seria só caminhar por caminhar, possivelmente não veríamos nem a lagoa. Desta forma acabamos desistindo de subir.
Há uma marcação nas trilhas com umas estacas coloridas, então não tem como se perder; a trilha que vai até a laguna tem as estacas de ponta vermelha como na foto abaixo:
Da Villa Cerro Castillo fomos a Puerto Ibañez onde passamos a noite.
A hospedaria fica antes de chegar na cidade e acredito que foi um dos lugares mais isolados em que já ficamos, estávamos somente nós e a família acolhedora em um ráio de muitos e muitos quilômetros.

A sensação foi de estar fora do mundo. Isso porque lá não havia wi-fi nem tão pouco sinal 3G, que maravilha!
Acredito que existam algumas hospedarias na cidadezinha de Puerto Ibañez, porém não encontramos no booking. Foi uma sorte achar a Hospedaria El Juncal que nos deu essa experiência Patagônica de estar num lugar aconchegante, longe de qualquer agito e ser acolhido por uma família cheia de histórias para contar.
O dono da pousada nos contou de sua rotina de cuidar das ovelhas e de como fazem para sobreviver o rigoroso inverno (quando a neve atinge até 75 cm de altura na porta de sua casa e em outros pontos chega até 1m); são histórias de vida que enriquecem uma viagem e por isso gostei tanto dessa hospedagem.
Ficamos na suíte com hidromassagem e vista para o bosque e custou 63 USD a diária com café da manhã. Você os encontra no Booking:
https://www.booking.com/hotel/cl/hospedaje-el-juncal.pt-br.html
A cidade de PUERTO INGENIERO IBAÑEZ fica a 116 km ao sul de Coyhaique e é uma cidade micro com 757 habitantes. A pequena Ibañez é banhada pelo famoso Lago General Carrera, o qual estava ansiosa por conhecer e o mesmo nos acompanhou em outras cidades, isto porque o mesmo é enorme, o segundo maior lago da América do Sul, menor apenas que o Lago Titicaca, tão grande que seu território tem parte na Argentina também e por lá tem outro nome: Lago Buenos Aires.

O Lago General Carrera tem essa cor esmeralda porque tem origem das geleiras, fácil de concluir isso por conta de tantas montanhas nevadas que o cercam, o que deixam a paisagem incrível. Outra curiosidade é que as águas geladas do General Carrera desaguam no Pacífico pelo importante Rio Backer.
O Lago também ficou conhecido internacionalmente quando o fundador da “The North Face” veio a falecer de hipotermia após se acidentar com seu caiaque em dezembro de 2015. Douglas Tompkins é adorado na Patagônia por todos os bons feitos pela preservação da natureza. O cara comprou 900 mil hectares de terra para transformar em Parques Nacionais, um deles é o Pumalín Park, um dos maiores parques privados do planeta, e outro, o qual estivemos por duas vezes nesta trip (tão grande que até fronteira com a Argentina faz e nós conhecemos parte dele em Chile Chico e outra parte em Cochrane) é o Parque Nacional Patagônia.
Um dos pontos altos da viagem é a navegação de balsa pelo Lago General Carrera. Atravessamos ele de Puerto Ibañez a Chile Chico ao invés de fazer a volta no lago por terra. Recomento fortemente fazer isso, são belíssimas paisagens.
BALSA de Puerto Ibañez à Chile Chico.
São duas horas de travessia e vale muito a pena ficar atento, geralmente não se aguenta ficar o tempo todo na parte externa da balsa por conta do vento, mas tente o máximo que puder, principalmente quando estiver partindo e chegando.



O trajeto de balsa custa 19.750 pesos chilenos para o carro e mais 2.300 por pessoa.
Compramos as passagens um dia antes no escritório de Puerto Ibáñez e só tinha para a noite do próximo dia (para carro) mas foi nos explicado que poderíamos tentar o outro horário da partida, às 11h em uma fila de espera. Foi o que fizemos e felizmente tivemos sucesso, conseguimos o lugar.

Bom Fridinhos, próximo post será de Chile Chico.
Até mais,
Deixe um comentário