
Essa cidade é pra quem tem espírito aventureiro e principalmente gosta de trekking, pois para ver as mais lindas paisagens é necessário caminhar bastante, mas tenho para mim que é no caminhar que mora o prazer e na chegada o ápice dele.
Antes de falar de El Chalten é necessário falar um pouco da estrada que te leva até lá, a famosa Ruta 40. Embarcamos num ônibus em El Calafate até El Chalten e posso dizer, não é viagem para dormir, senta na janela e fica com os olhos bem abertos, com certeza eles irão brilhar.
Perto de chegar em El Chalten já se começa a ver os cerros que ficam à esquerda de quem vai. É uma vista fantástica. Pode-se ver o famoso Cerro Fitz Roy também, mas o legal mesmo é encarar os 20 km de caminhada para ver ele bem de perto.
Chegando em El Chalten os ônibus fazem uma parada no centro de informações da cidade e um guia explica sobre as trilhas. Ali você também pode pegar um mapa onde constam todas as trilhas e atrações da cidade; não deixe de pegar.
Veja todos os lugares que deseja fazer e aproveite seu tempo em El Chalten. Dica de amiga: faça primeiro as coisas que você achar mais interessante, pois você pode chegar a exaustão já no primeiro trekking e não conseguir fazer mais nada nos outros dias. Além disso, o tempo por lá muda muito e quando o vento resolve ficar forte é quase impossível fazer o Fitz Roy por exemplo.
Outra dica: se informe sobre o tempo de duração das trilhas e saia cedo; tivemos uma experiência “difícil” quando chegamos no pé do Fitz Roy, fechou o tempo, nevou e tínhamos pouco tempo para voltar caminhando os 10 km. Tivemos de correr para não pegar escuridão na trilha de mato fechado.
Em dezembro os dias duram cerca de 16hrs; clareia o dia pelas 5:40 e anoitece às 22:00. Mesmo assim, para fazer as trilhas recomendo que se programe para estar de volta até às 19:00 que é quando a luz do sol começa a baixar (imagina passar uma noite ao relento num lugar frio e ventoso como El Chalten? Nem pensar).
Há um acampamento na base do Fitz Roy, o camping Poincenot; porém, são 8km de caminhada até chegar nele. Se for acampar, acorde bem cedo e faça a subida ao Fitz Roy nas primeiras horas da manhã pois as fotos ficarão lindíssimas. Além disso, na parte da manhã o fluxo de turistas é bem menor.
Bom, então vamos a nossa experiência no Fitz Roy.

Saímos logo após o almoço, mas não foi cedo o suficiente; me atrasei pois queria me fantasiar de noiva e tal… Isso mesmo, minha irmã é fotógrafa e como ela estava nos acompanhando nessa viagem, aproveitei para levar um vestido de noiva e fazer um ensaio por lá.


A trilha é toda sinalizada e a cada km há uma plaquinha como a da foto; a cada km que se faz é uma comemoração.
A roupa ideal para fazer a trilha é algo como um agasalho leve que ataque o vento, afinal é bem provável que neste trekking se pegue o vento máximo da Patagônia. Os melhores calçados são as botas de trekking. Nós não estávamos muito precavidos, exceto a capa de chuva que nos ajudou bastante na hora em que pegamos a neve.

Pelo caminho encontramos alemães (na Patagônia inteira vais cruzar com muitos deles) que riram de nós pelas tralhas que estávamos levando. Quando chegamos ao topo entendemos o tamanho da nossa loucura.



É necessário levar alimentação pois obviamente não há nenhum bar no caminho. Adivinha o que tínhamos de lanche? pão com ovo. Quanto a água, não é preciso se preocupar pois se pode beber tranquilamente do riacho que passa ao longo da trilha, mas leve um pouco para o início.


Depois me muito subir chegamos no ponto final:
Chegando no ponto final ficamos impressionados com a vista, linda e perigosa; temi pelas nossas vidas quando começou a soprar de vento extremamente forte, mas mesmo assim me escondi atrás de uma pedra e numa temperatura negativa coloquei o vestido de noiva. Quando estava pronta olhei para o meu marido que estava se levantando e ao ficar de pé o vento o caregou por uns metrinhos. Me assustei; ele se equilibrou e tentamos fazer o ensaio, me segurei nele e nos escoramos em uma pedra. Minha irmã agachada começou a fotografar. O resultado foi este:

Bom, ficamos em pé e meu coque se desfez com o vento, mais uns segundos e começou a ventar muito forte (+-110kmh) e ficou insuportável ficar em pé. Nos agachamos e eu coloquei a roupa por cima do vestido. Em uns segundos começou a nevar; não conseguia acreditar naquilo, passamos o dia caminhando para chegar naquele lugar e quando lá estávamos não ficamos nem 10 minutos. Ainda agachados fomos nos arrastando em direção a descida do cerro e quando então conseguimos ficar em pé vestimos nossas capas de chuva para impedir que a neve nos molhasse por inteiro. Assim descemos.
Por tudo isso indico fazer a trilha cedo pela manhã, quando não venta tanto e não há tanta probabilidade de nevar.
Mas digo que mesmo assim, tendo passado todo esse sufoco, subiria novamente; claro, com roupas e calçados adequados desta vez (e mais cedo também).

Os paredões são muito altos, chegando a 3375m de altitude. Muitos escaladores profissionais já morreram tentando chegar ao topo e dias antes de estarmos lá, uma canadense foi atingida por uma pedra e faleceu.
Abaixo cartaz do filme que foi filmado por lá, baseado em uma história verídica.
A descida do cerro e volta pro hostel foi uma correria só. Como saímos muito tarde, precisamos caminhar apressadamente (até correr em alguns pontos) para não passar a noite na floresta já que não tinhamos levado lanternas nem nada.

Eram 23 hrs quando chegamos na cidade e nos últimos metros já não enxergávamos quase nada da trilha.
E além do Fitz Roy, o que tem para fazer em El Chalten? abaixo link com as demais atrações. Se tiver tempo e disposição, aproveite!
No link as atrações estão com custo de guia, nós fizemos o Fitz Roy sem porque é bem sinalizado e não vimos necessidade.
Nós aproveitamos o dia seguinte para caminhar pela cidade que é muito bonitinha. Sim, bonitinha, pois há apenas duas ruas hehe.


No terceiro dia locamos um taxi e fomos até o ínicio da trilha do Fitz Roy e depois fomos em direção da cachoeira que tem na cidade (não é grande coisa) mas a trilha valeu, principalmente para nosso ensaio.



Onde se hospedar em El Chalten?
Ficamos no Hostel Pioneiros Del Valle, o qual recomendo. Pegamos uma suíte confortável que custou cerca de R$ 250,00 para três pessoas, sem café da manhã. Hoje uma suíte para casal a diária está R$ 292,00 com café.
Segue o link:
Esse hostel achamos lá em El Chalten. Tínhamos reserva no hostel Lo De Trive, porém chegando lá não gostamos das instalações, o quarto era minúsculo. Ainda bem que conseguimos outro hostel.
Restaurantes:
Como não pegamos café da manhã no hostel, comíamos em uma padaria bem próxima. Para almoços e jantar, indico os dois abaixo:
http://www.ranchograndehostel.com/

O sucesso em toda a Patagônia é o cordeiro Patagônico e as batatas rústicas. Minha irmã pelo visto gostou da massa dela, a moça é vegetariana e passou bem também.


Depois de muito comer, beber e ṕrincipalmente caminhar é chegada a hora de se despedir.
Bom, nossa trip pela Patagônia (Ushuaia até El Chalten) termina aqui, mas tenho uma outra trip Patagônica (Bariloche e Puerto Varas) entra na pastinha Patagônia e veja todas.
E volto no final deste ano para a região da Patagônia, para fazer a famosa CARRETERA AUSTRAL com outro roteiro de cidades e espero que seja tão maravilhoso como foi 2015 e 2018. Prometo me aprofundar ainda mais e relatar tudinho aqui no blog.
Grande abraço e até a próxima!
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